Segurança Cloud, Multicloud e Híbrido: o guia para proteger identidades em ambientes complexos
21 de maio de 2025

A computação em nuvem já não é mais um diferencial, é o novo padrão da infraestrutura digital. Em um cenário em que inovação e velocidade ditam as regras do jogo, empresas de todos os portes adotaram serviços em cloud como estratégia para escalar operações, reduzir custos com infraestrutura física, destravar produtividade e reagir com agilidade às mudanças do mercado. 

De acordo com orelatório da Flexera de 2024, mais de 94% das organizações já usam algum tipo de serviço em nuvem. Isso mostra que a movimentação para modelos híbridos e multicloud cresce, impulsionando arquiteturas cada vez mais flexíveis, resilientes e moldadas sob medida para os objetivos estratégicos de cada negócio.


Essa aceleração vem acompanhada de outro dado relevante. Segundo a Transparency Market Research, o mercado global de soluções de segurança em nuvem deve ultrapassar US$ 144,5 bilhões até 2031, com um crescimento anual de 13,9%. O número revela que a cloud computing é o core da operação moderna, e atualizar os mecanismos de segurança para proteger esse core precisa ser prioridade.


Inclusive, ainda que o Brasil nem sempre esteja na vanguarda das movimentações digitais, o surgimento de provedores locais, como a Magalu Cloud, é um reflexo do amadurecimento das empresas na América Latina em termos de inovação e segurança, atestando que essa jornada não começou ontem. 


Desde os primeiros passos com virtualização e mobilidade corporativa até a descentralização dos data centers, tudo apontava para um futuro mais distribuído, escalável e dinâmico. Hoje, a nuvem sustenta o trabalho remoto, viabiliza modelos SaaS, acelera a transformação digital e dá forma ao novo ciclo de crescimento das empresas. 




Por que as empresas apostam na nuvem como motor de crescimento

A decisão de migrar para cloud ou estruturar uma estratégia multicloud é uma escolha estratégica de negócio. Ao transferirem  workloads  para a nuvem, as empresas conquistam elasticidade, otimizam custos, aumentam disponibilidade e, acima de tudo, aceleram o tempo de entrega de novos produtos e serviços. É um motor de crescimento escalável.


Esse modelo viabiliza operações modernas, baseadas em DevOps, micro serviços, infraestrutura como código (IaC) e CI/CD. O ciclo de desenvolvimento se encurta, os times ganham autonomia e a inovação vira prática do dia a dia.


As plataformas de service cloud mais usadas no Brasil incluem AWS, Microsoft Azure, Google Cloud Platform, Oracle Cloud e IBM Cloud. Cada uma com seus próprios ecossistemas, que oferecem desde computação elástica a inteligência artificial, passando por observabilidade, storage, segurança e autenticação. Tudo integrado. Mas quanto maior a liberdade, maior a responsabilidade e é aqui que algumas áreas de segurança podem tropeçar se não se atentarem.





Os riscos invisíveis da nuvem e o papel crítico da segurança de identidades


Subir uma máquina virtual, ativar uma API ou liberar acesso a um bucket em cloud pode ser feito em minutos. Mas a facilidade operacional não pode iludir: cada nova configuração é um novo vetor de exposição. Cada integração mal protegida é um ponto de entrada para possíveis ataques. A segurança da nuvem não está na infraestrutura em si, mas na forma como ela é utilizada e configurada.


O Fortinet Global Threat Landscape Report 2025 é enfático em relação a isso: 70% dos incidentes em nuvem no último ano começaram com logins fora do padrão geográfico esperado, muitas vezes logo após ações legítimas de desenvolvimento. O mesmo relatório mostra que 25% dos ataques exploraram APIs mal protegidas, permissões excessivas e falhas básicas na rotação de credenciais.


Em 2024, o Gartner apontou para um cenário também preocupante ao ter informado que, até o fim daquele ano, organizações que operassem com infraestrutura em nuvem poderiam enfrentar, em média, 2.300 violações por conta de más práticas de privilégio mínimo por conta. 


Em ambientes multicloud ou híbridos, essa complexidade se multiplica. Não basta saber quem acessa o quê, é preciso saber como, quando, porque e por onde esse acesso acontece. É aqui que entra a tríade CIEM, IGA e PAM. Soluções que não apenas controlam, mas orquestram o ciclo de vida de identidades humanas e não-humanas, automatizando fluxos, auditando acessos e prevenindo combinações perigosas de permissões.


Sem essa estrutura, o que temos são ambientes vulneráveis, tokens descontrolados, múltiplos emissores de autenticação, identidades órfãs, falta de SoD, acessos privilegiados permanentes e um caos de configurações. Tudo isso representa um alto custo operacional, técnico e reputacional.

Quando a falta de governança vira um incidente: um case fictício com aprendizados reais


Imagine o seguinte cenário: uma grande instituição financeira, com mais de 30 mil colaboradores e um parque tecnológico robusto, opera mais de 50 aplicações críticas para seu negócio. Durante uma atividade de rotina, o time de observabilidade configura métricas e logs de uma aplicação essencial que alimenta a plataforma de SIEM. Um colaborador, que não deveria possuir permissões administrativas sobre essa aplicação, realiza uma alteração indevida nas roles utilizadas para autenticação com serviços externos. O impacto é imediato: a aplicação perde conectividade, a comunicação entre micro serviços é rompida e o superapp do banco torna-se inoperante por mais de quatro horas.


Esse tipo de incidente não decorre de uma falha técnica isolada, mas da ausência de governança estruturada sobre os acessos em cloud. O processo de definição de acessos não considerou uma separação adequada de funções, tampouco havia um controle automatizado de provisão e desprovisionamento de permissões críticas. A ausência de um modelo efetivo de IGA para nuvem e a falta de uso de ferramentas de PAM permitiram que uma identidade com privilégios excessivos causasse um impacto sistêmico.


Como consequência, naquele dia, as lideranças precisam trabalhar em dobro para lidar com prejuízo operacional milionário, perda de confiança dos clientes e exposição de fragilidades que poderiam ter sido evitadas com uma arquitetura de segurança orientada por IAM na nuvem.




A complexidade da nuvem por indústria: um mapa setorial


Apesar de existirem desafios de segurança que atravessam todos os tipos de indústria, existem algumas especificidades diante do nível de maturidade de cada setor que valem ser levados em consideração. Por exemplo:


1. Instituições financeiras e seguradoras:  costumam ter ambientes altamente regulados que exigem autenticação robusta, segregação de funções rigorosa, logging detalhado e resposta rápida a incidentes. As práticas de Identity Security aqui precisam ser auditáveis, escaláveis e interoperáveis com sistemas legados e modernos.


2. Varejo e atacado: concentram altos volumes de usuários, passam por picos de acesso e colaboradores temporários. Com isso, é necessário um controle granular de identidades e acessos, com integração fluida entre sistemas de loja física, e-commerce e ERPs. O desafio está na escalabilidade com segurança.


3. Saúde e Wellness:  armazenam dados sensíveis de pacientes, operam com a necessidade de interoperabilidade entre sistemas clínicos e exigências regulatórias como HIPAA e LGPD tornam o IAM um pilar crítico. Acesso por contexto, autenticação multifator e logging imutável são requisitos mínimos.


4. Telecomunicações: empresas de telecomunicações costumam operar com ambientes híbridos com APIs expostas, integração entre sistemas legados e cloud-native. A dependência de alta disponibilidade torna a segurança de identidades desafiadora e crítica para continuidade de serviços. Além disso, boa parte dessa indústria concentra esforços operacionais em terceirizadas e outsourcing, o que aumenta os riscos atrelados à gestão de terceiros e fraudes por compartilhamento de acessos.


5. Indústria e manufatura: Sistemas OT (Operational Technology), IoT e machine identity exigem soluções específicas de IAM e PAM que operem com alta performance e mínima latência.  A identidade é o elo entre segurança cibernética e segurança física.


6. Tecnologia: operam com cultura DevOps, uso intensivo de microserviços, pipelines automatizados e ambientes multicloud que exigem governança de identidades não-humanas (service accounts, roles, bots, containers). O IAM precisa ser praticamente invisível para o desenvolvedor a fim de evitar fricção nos processos e, ao mesmo tempo, infalível em termos de segurança.




Checklist prático de IAM multicloud para lideranças e equipes técnicas


Em ambientes cloud, multicloud e híbridos, a segurança de identidades precisa deixar de ser tratada como uma camada isolada da infraestrutura para se tornar um eixo transversal que orienta decisões técnicas, operacionais e estratégicas. A seguir, práticas recomendadas para empresas de todos os segmentos e tamanhos:




Comportamentos operacionais e liderança


  • Estabeleça cultura de segurança desde a concepção (security by design): segurança não pode ser aplicada como um aditivo, mas como um componente estruturante desde o desenho de qualquer arquitetura ou processo. Incorporar práticas de segurança desde o início dos projetos reduz retrabalho, previne falhas e fortalece a confiança entre times técnicos e de negócio.


  • Defina um modelo claro de Segregação de Funções (SoD): a SoD impede que uma única identidade acumule poderes excessivos que possam resultar em fraudes, falhas operacionais ou vazamentos acidentais. Um bom modelo de SoD define papéis, responsabilidades e pontos de controle claros para minimizar riscos estruturais.


  • Realize treinamentos recorrentes para desenvolvedores e times de cloud: A evolução constante das plataformas de nuvem exige uma cultura de aprendizagem contínua.


  • Treinamentos ajudam os times a conhecerem novos vetores de ataque, ferramentas de defesa e boas práticas, criando um ambiente mais preparado para responder a incidentes.


  • Institua um comitê de governança de identidades para revisões periódicas: esse comitê atua como instância de revisão, alinhamento e evolução das políticas de identidade e acesso. Composto por representantes das áreas de segurança, infraestrutura, compliance e negócio, garante que decisões estejam embasadas tecnicamente e alinhadas à estratégia da empresa.


Infraestrutura e ferramentas


  • Implante um CIEM para visibilidade completa de permissões e identidades: gerenciar permissões em ambientes distribuídos exige mais do que relatórios de acesso. Plataformas de CIEM permitem enxergar relações tóxicas entre identidades, permissões e recursos, identificando riscos de escalonamento de privilégio e apontando ajustes finos que elevam a maturidade de segurança.
  • Centralize a emissão de tokens e integre com ferramentas de autenticação federada: múltiplos emissores de token em uma mesma infraestrutura aumentam a complexidade e reduzem o controle. Centralizar esse fluxo permite padronizar políticas de expiração, rotação e validação, reduzindo a chance de tokens comprometidos.
  • Utilize MFA em todos os acessos críticos, inclusive em APIs: a autenticação multifator é uma barreira adicional que mitiga o uso indevido de credenciais roubadas. Em APIs, esse fator extra pode ser implementado com certificados, chaves assimétricas e validações adicionais de origem e integridade.


  • Faça rotação periódica de senhas e tokens: credenciais expostas ou inativas são portas abertas. Automatizar a rotação de segredos com soluções de PAM, como a Segura, para reduzir o tempo de exposição e aumenta o controle sobre o uso de dados sensíveis.


  • Mapeie serviços com credenciais hardcoded e aplique refatoração com cofres de senha: aplicações que armazenam senhas ou chaves diretamente no código-fonte representam riscos severos. A refatoração para uso de cofres secretos viabiliza uma gestão segura, auditável e escalável desses dados.


  • Realize pentests e simulações de abuso de privilégio (Red Team): testes de ataque não servem apenas para identificar falhas, eles ajudam a testar a efetividade de processos de resposta, monitoramento e correção. Simulações de ataques com foco em escalonamento de privilégios revelam pontos fracos que nem sempre são visíveis por análises automatizadas.




Integração de servidores, assets e aplicações


  • Automatize o onboarding e offboarding de identidades com ferramentas de IGA: o ciclo de vida de uma identidade deve ser gerenciado com rigor desde a entrada até a saída de um colaborador ou sistema. A automação reduz falhas humanas, garante compliance e acelera a operação de RH e TI.


  • Use PAM para acessos privilegiados temporários com aprovação e auditoria: acesso privilegiado deve ser temporário, justificado e registrado. Soluções de PAM que se integram em ambientes cloudajudam a reduzir a exposição de contas sensíveis, garantir rastreabilidade e aplicar políticas como Just-In-Time Access.


  • Implemente tagging de recursos em cloud para políticas baseadas em contexto: tagging é fundamental para segmentar políticas, restringir acessos e organizar ambientes complexos. Com tags consistentes, é possível criar regras dinâmicas que respondem a alterações de contexto (ex: horário, localização, tipo de recurso).


  • Faça revisões periódicas de políticas de IAM nos principais provedores: ambientes em nuvem são dinâmicos, e as permissões que faziam sentido há seis meses podem ser excessivas ou irrelevantes hoje. Revisar permissões periodicamente, usando ferramentas como AWS IAM Access Analyzer ou Azure PIM, evita acúmulo de privilégios e garante aderência às práticas de menor privilégio.


  • Desenvolva um catálogo de integrações seguras com guidelines para desenvolvedores e parceiros: documentar práticas recomendadas, padrões de integração e exigências mínimas de segurança para parceiros e times internos acelera o desenvolvimento seguro e evita integrações frágeis que comprometam a segurança do todo.




A escolha do parceiro ideal para IAM e Cloud security

A complexidade crescente dos ambientes de cloud exige não apenas tecnologia de ponta, mas também experiência prática, metodologia e uma visão estratégica  sobre segurança de identidades e negócios. Contar com um parceiro especialista nesse universo pode ser a diferença entre escalar com segurança ou transformar seu parque tecnológico em um campo minado.


A Sec4U atua há mais de 15 anos no mercado de Identity Security, combinando experiência técnica, visão de negócio e parceiros globais como SailPoint, Segura, SALT e authcube. Nossos especialistas dominam as práticas mais avançadas de IGA, PAM, WIAM, CIEM e arquitetura de segurança, além de aplicar metodologias exclusivas que garantem governança, rastreabilidade e eficiência na operação de ambientes multicloud.


Além disso, oferecemos diagnósticos gratuitos completos, que ajudam empresas a identificarem brechas, riscos ocultos e oportunidades de melhoria antes que virem crises. Nosso compromisso não é só com a tecnologia, mas com a continuidade, a conformidade e a reputação do seu negócio.


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